[PT] Passo a passo para redigir a proposta de tese de doutorado
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A proposta de tese de doutorado consiste basicamente em um plano de pesquisa e idealmente inclui resultados preliminares. A etapa de preparação de pesquisa é uma das mais importantes e difíceis durante o curso de doutorado.
Isso se deve ao fato dela requerer leitura e análise crítica, uma tarefa subjetiva e trabalhosa. Junte-se a isso o fato de que essa etapa pode parecer improdutiva em certos momentos, pois não se está “colocando a mão na massa”, através da construção de códigos computacionais, experimentos ou escrita da tese.
Evidentemente essa impressão não condiz com a realidade. Devemos ter ciência da necessidade dessa etapa para melhor levá-la a cabo. Abaixo enumero a importância do plano de pesquisa e os seus objetivos, e em seguida darei uma sugestão de uma maneira sistemática de prepará-lo. Não é a única forma, é claro, mas seguindo um passo a passo corre-se menos risco de deixar passar alguns dos elementos importantes a seguir, que estão todos interligados: contextualização da pesquisa, motivação, justificativa, revisão do estado da arte e sua análise crítica, objetivos gerais e específicos, propostas de contribuição e seu respectivo plano de execução detalhado, bem como periódicos a que se pretende submetê-las.
É importante que os cientistas sigam um método para elaboração da proposta de tese de modo a não deixar nenhum aspecto imprescindível de lado e também economizar tempo precioso. Para orientar o aprendizado há vários livros de metodologia científica. O presente texto é apenas um relato do que aprendi a partir da minha experiência e com as referências que enumero ao final. Até hoje leio sobre metodologia e continuo aprendendo, e procuro colaborar com pesquisadores mais experientes pelo mesmo motivo.
Com o tempo, a pesquisa é planejada, de certa forma, automaticamente, pois se tem maior familiaridade com a literatura e melhor noção do que um trabalho deve conter. A cada ideia que se tem, um encadeamento de argumentos corre na cabeça do pesquisador de acordo com o método, pois ele se torna sua práxis.
Eu disse anteriormente que o plano é composto de elementos que estão todos interconectados e são dependentes entre si. Por esse simples motivo é difícil fazê-lo sem ter uma visão holística do processo, que é obtida apenas através da experiência. Sugiro, assim, que leia este texto até o fim antes de começar. Tenha ciência de que aprender a construir um bom plano é um dos aspectos mais importantes a se capacitar durante o doutoramento.
Como tudo na vida, é algo que se aprende praticando. O trabalho de pesquisa e pós-graduação em nível de doutorado é difícil, pois se aprende uma nova proficiência, o que, portanto, requer dedicação e disciplina. Isso significa trabalhar de maneira frequente e consistente, ou seja, dedicar-se de 7 a 8 horas por dia, excluindo finais de semana, quando se deve descansar e curtir - da mesma maneira que qualquer trabalhador. É muito comum que os alunos não tenham rotina, o que acaba fazendo com que desperdicem tempo precioso. Sugiro não optar por esse caminho. Dadas as condições de contorno, vamos em frente.
Um bom plano de pesquisa é importante para garantir: (i) o conhecimento sobre o estado da arte para estabelecer a inovação do projeto; (ii) propriedade para discutir acerca do assunto da tese com especialistas da área; (iii) a justificativa e a motivação que determinam a relevância do problema para a comunidade científica; e (iv) um cronograma factível para o tempo total de doutoramento. Assim, o plano de pesquisa consiste na definição das atividades de um trabalho original, de temática relevante, que ao final leve a contribuições científicas inovadoras e cumpra os requisitos de um curso de doutorado dentro do período previsto.
Contribuições originais
Algo pertinente no momento de redação da proposta de tese é perguntar-se “o que é uma contribuição científica relevante?”, pois o tamanho da contribuição se reflete nas atividades a serem planejadas.
A resposta a essa pergunta é subjetiva, depende de quem vai responder. Não raro avalia-se o trabalho final pelo conjunto de contribuições, não apenas por uma. Você deverá convencer um júri composto de especialistas de que seu trabalho contribuiu significativamente para o estado da arte da área. Esse momento será imprescindível para concluir com sucesso o doutorado.
Talvez a melhor forma de convencer seja através da realização de boas publicações em periódicos importantes da área. Naturalmente, obter boas publicações não garante ser aprovado na banca, mas sinaliza para os avaliadores: (i) que o trabalho foi referendado pela comunidade científica, e também (ii) que o candidato se dedicou com esmero ao trabalho de pesquisa, pois publicar em bons periódicos é trabalhoso e pressupõe o planejamento que discutiremos a seguir.
Para preparar o plano de pesquisa partiremos, então, do resultado final desejado ao término da tese: contribuições científicas significativas, que avancem o estado da arte, com as etapas a serem desenvolvidas de modo a gerar submissões em periódicos de boa qualidade.
Estrutura do documento de proposta de tese
O documento de proposta de tese pode ser dividido de acordo com os capítulos abaixo:
1. Introdução
Neste capítulo deve-se necessariamente incluir, com auxílio de citações a trabalhos relevantes:
- Contextualização;
Aqui se fala em termos gerais sobre o tema do trabalho. Inclua dados gerais sobre o campo, de modo a situar o leitor em que área do conhecimento o trabalho está inserido.
Motivação/Justificativa; Explique por que é importante pesquisar o tema. Deixe clara a urgência de realizar pesquisa na área.
Breve análise do estado da arte, apenas com poucas referências mais importantes;
A análise aprofundada do estado da arte cabe no próximo capítulo. Inclua aqui, sem grandes justificativas detalhadas, um breve estado da arte do tema, com 3-5 referências mais importantes.
- Resumo da análise crítica da literatura;
Escreva em linhas gerais o que ainda falta ser realizado/oportunidades de melhoria que existem.
- Objetivos gerais e específicos do trabalho;
O objetivo geral diz respeito ao contexto do seu trabalho. Os específicos, por sua vez, versam sobre cada contribuição que você pretende realizar. Sugiro 3, pelo menos.
2. Revisão do estado da arte
Neste capítulo faz-se a análise pormenorizada de artigos recentes acerca do tema que se deseja investigar, junto com sua análise crítica que apontam os defeitos da literatura e as consequentes oportunidades de pesquisa na área.
3. Métodos
Aqui você incluirá uma breve descrição dos métodos que utilizará, bem como estudos de caso pertinentes ao teu trabalho. Idealmente aqui não se inclui desenvolvimentos originais, ou seja, consta neste capítulo o que dá suporte para que o leitor possa entender melhor o próximo capítulo de contribuições propostas e reproduzir os teus resultados preliminares (caso haja). Nele você descreve com certo nível de detalhe o que utilizará de outros autores, deixando claro o que não será foco de originalidade mas sim como ponto de partida.
4. Contribuições propostas
Para cada contribuição, é necessário:
- Retomar a análise crítica feita em 2. que seja pertinente;
- Definir o periódico a que se pretende submeter o trabalho;
- Estabelecer qual é a contribuição pretendida, que esteja alinhada com os itens anteriores;
- Incluir um plano de atividades pormenorizado, que deixe claro o que será feito.
5. Resultados preliminares
Caso já tenha algum resultado com relação ao que propôs, inclua aqui. Isso pode ser muito interessante para fomentar a discussão no dia da qualificação.
6. Publicações
Liste quais publicações fez até o momento, dentro do seu período de doutorado. É comum que os alunos cheguem ao prazo da qualificação com artigos de congresso já publicados. Isso mostra que você já iniciou o trabalho e possui propriedade para propor o que deseja, pois está, de certa forma, referendado pela comunidade científica.
Referências
Apêndice
Para a proposta, pode-se apenas agregar o PDF dos artigos já publicados ao final, como um apêndice.
Agora que sabemos o que o plano deve conter, veremos como materializá-lo.
Passo a passo para obter as informações necessárias para a redação da proposta
O documento não deve, idealmente, ser escrito na ordem em que é apresentado ao leitor. Ou seja, não deve ser escrito seguindo a numeração dada anteriormente. Ao iniciar pela introdução, antes do conteúdo mais importante relacionado às contribuições, corre-se o risco de gastar mais tempo que o necessário no primeiro capítulo. Isso porque, paradoxalmente, a introdução depende do que se prometerá cumprir, o que ficará claro à frente. Vamos, antes de mais nada, levantar todas as informações que precisamos, antes de escrever qualquer coisa no documento. Abaixo ilustro o passo a passo sugerido através de um fluxograma:
1. Definir o tema
Encontre um tema que lhe interesse, de preferência que tenha experiência e familiaridade. É importante também que seu orientador esteja confortável com o tema para lhe orientar. Não é impossível iniciar um tema do zero no doutorado, mas saiba que será consideravelmente mais difícil que continuar algo que já desenvolveu no mestrado ou anteriormente em outro contexto. Definir o tema terá tudo a ver com o objetivo geral do seu trabalho. Por exemplo:
Tema | Objetivo |
Energia eólica | Previsão de séries temporais de velocidade de vento |
Monitoramento de estruturas | Aprendizado de máquina para detecção de falhas estruturais usando dados de vibração |
Veículos elétricos autônomos | Otimização de formação de comboio |
Recuperação de petróleo avançada | Controle preditivo aplicado à minimização de tempo de retorno de investimento |
Projeto estrutural | Otimização topológica com vistas à minimização de peso para aplicação aeroespacial |
Recomenda-se que aborde um assunto relevante e de interesse do candidato ao mesmo tempo. Faça uma busca rápida em artigos sobre o tema, leia a motivação e justificativa e assegure-se de que é relevante e está convencido disso. Busque eventos da área e informe-se sobre o que tem sido discutido com ênfase no meio científico recentemente. Veja que neste momento apenas se iniciou a definição do tema de pesquisa, portanto o objetivo é pouco detalhado, ainda está “cru”. Ele será refinado ao final da análise da literatura e seleção do periódico a que se pretende submeter o trabalho.
Além da sua predileção, a escolha do tema e objetivo pode levar em consideração a opinião de outros pesquisadores. Por exemplo, pode ser que haja interesse em um tema do qual você tomou conhecimento em uma plenária de um bom evento ou em uma conversa de corredor. Seja qual for o tema e os motivos que levem à sua escolha, o conjunto tema/objetivo será refinado adiante com a revisão da literatura e constituirá seu ponto de partida.
2. Revisar o estado da arte
Essa etapa é muito importante para estabelecer o que se sabe e é praticado até o momento em relação a um determinado tema. A partir do panorama dado pela revisão, estabeleceremos o que ainda falta ser feito, o que nos levará à definição das contribuições pretendidas.
Aqui não há limite de número de referências, mas é importante que a primeira versão do documento, do início ao fim, não possua mais que 40-50 referências aproximadamente. Utilize apenas publicações em bons periódicos e dos últimos 5 anos. Casos excepcionais, tais como artigos muito citados ou com correlação alta com o tema pretendido, podem fugir à regra de antiguidade. Se encontrar mais artigos que este limite, tudo bem, guarde-os e priorize a leitura de acordo com a pertinência ao tópico e importância do periódico em que foi publicado. Posteriormente, poderá incluir mais referências na etapa de refinamento da proposta, caso ache necessário e tenha tempo.
Sugiro elaborar primeiro um fichamento de cada artigo, para então contar uma história do que se tem feito de importante no tema que escolheu, em um texto corrido com suas próprias palavras. Para tanto, leia o artigo e resuma as contribuições originais daquele trabalho em um parágrafo. Ler um artigo de maneira eficiente é algo importante a se aprender para a vida, pois terá que ler muito até terminar a revisão da literatura. Alguns você lerá pouco, outros no detalhe. Escrevi sobre o tema aqui:
https://helonayala.github.io/how-to-read/
É importante também que o fichamento e o texto da revisão sejam feitos tendo em mente que em algum momento será necessário fazer uma análise crítica dos mesmos. Faça anotações sobre possíveis desdobramentos durante o fichamento, o que vai ajudar a definir o que fará em cada contribuição. Mais detalhes sobre isso no próximo item do fluxograma.
Pode-se buscar os trabalhos que são citados pelos artigos mais importantes, bem como avaliar os trabalhos que citam esses artigos julgados mais relevantes. Isso ajuda a “fechar o laço” e ter um mapeamento em que não se deixe nenhum trabalho importante de fora. Deve-se finalizar a revisão em algum momento. Um sinal de que está terminando é em algum momento notar que trabalhos que encontra citam trabalhos que você já conhece. Isso traz muita satisfação. É importante também mapear os autores importantes no tema que escolheu. Como dito, num primeiro momento, foca-se em periódicos de qualidade e dos últimos 5 anos. Se necessário, adicionam-se mais artigos, porém na fase de refinamento da proposta. Creio que este deve ser o passo mais trabalhoso e que exija mais leitura e senso crítico. É algo que também não se pode automatizar. Aqui, você se prepara para ser porta-voz do tema que escolheu.
3. Enumerar as lacunas existentes no estado da arte
Neste item você deve realizar uma análise crítica do estado da arte e evidenciar as lacunas que se encontram na literatura. Onde é necessário avançar? O que se pode melhorar? O que ainda não foi resolvido? Não tenha dúvidas de que há oportunidade de avanço. É premissa básica da ciência que o conhecimento se transforma com o tempo.
Idealmente, deve-se fazer a análise crítica já “puxando a sardinha” para o que você tem mais interesse e condições de fazer. É um texto com autoria, você que o escreve, então não há problema nenhum em ser opinativo nesse sentido. Nada impede que enumere lacunas na literatura que não estejam diretamente ligados ao seu trabalho, mas evite fazê-lo neste documento, para não correr o risco de confundir o avaliador. Deixe anotado em algum lugar.
Todas as lacunas devem ser devidamente relacionadas com a revisão da literatura através de citações. Isso será importante para motivar e justificar a contribuição que vai propor, como veremos no próximo item.
4. Definir a contribuição original pretendida
Até a presente etapa, você já definiu um tema, revisou o estado da arte e evidenciou as lacunas na literatura especializada levando em conta o que sabe fazer. Chegou a hora de especificar quais serão as contribuições da sua tese que preencherão as lacunas que evidenciou. Esta é a parte crucial da proposta, que justifica tudo o que já fez até agora: tratamos de um problema relevante, sobre o qual há trabalhos importantes, mas que ainda apresenta lacunas urgentes a serem endereçadas. E o seu trabalho será parte da solução.
Não devemos deixar de levar em consideração, entretanto, um elemento que ainda não discutimos: a seleção do periódico para submeter o seu trabalho. Uma forma de fazer isso é notar qual aparece mais vezes na sua revisão da literatura, pois esse é um indicativo de que há boa aderência de escopo com o que você pretende fazer. Ou pode ser que, após ler artigos interessantes, você deseje submeter a um periódico específico, por querer figurar entre os cientistas que publicam em um determinado espaço.
Após selecionado o periódico, note o nível das contribuições originais que são propostas nele. Encontre elementos que lhe permitam comparar a contribuição original que pretende fazer com o que vem sendo publicado no periódico que escolheu. Sugiro incluir as informações numa tabela para facilitar a vida dos avaliadores da proposta, como a seguir:
Reference | Title | Summary of Contribution (pode ser 1 parágrafo, com suas palavras) | Característica #1 (ex.: trabalho experimental / teórico) | Característica #2 (ex.: modelo linear / não linear, etc…) |
(Fulano, 2019) | A great title is here | New model with nonlinear stiffness | Theoretical | Nonlinear |
(Ciclano, 2020) | Another title is there | Experiments that prove model in (Fulano, 2019) may be improved | Experimental | Piecewise linear |
Você não fará, idealmente, apenas o plano de uma contribuição para o seu doutorado. Eu sugiro pelo menos 3. Não coloque todos os ovos em uma cesta, pois, como depende de análises subjetivas e revisões por pares, não se sabe como será recebida, de fato, cada contribuição que submeter. O bacana é que basta repetir os passos acima mais 2 vezes, pois o procedimento é o mesmo. Ao segui-los, colocam-se as chances a seu favor.
5. Elaborar um plano detalhado
O plano de atividades é uma descrição pormenorizada de como e quando você pretende realizar as contribuições que propôs. Seja específico e use uma periodicidade semanal ou quinzenal. Procure não prever mais de uma atividade ao mesmo tempo, afinal de contas, você é um só. Ao ler a descrição de cada atividade, não devem restar dúvidas sobre o que será feito e quanto tempo será necessário. Tenha em mente que o avaliador buscará entender se o plano é exequível dentro do prazo que estipulou. Portanto, é muito importante deixar claro o que fará. Abaixo segue um exemplo genérico:
- Activity 1
Description of activity 1.
….
- Paper writing In this final step we will write the paper and submit it to XYZ journal.
Neste ponto você deve ter reunido todas as informações necessárias para escrever o seu documento de proposta de tese. Note que há setas pontilhadas voltando para cada uma das atividades do fluxograma. No plano são refinados o objetivo, as contribuições e as atividades iterativamente, até que o documento seja coerente com os objetivos de um doutorado.
Conte com a ajuda do seu orientador no processo de escrita do plano. A cada passo acima, escreva-lhe e conte o que pensou e o porquê das decisões que tomou. Tenha certeza que a comunicação entre vocês será mais efetiva se a cada encontro discutirem e decidirem acerca de um assunto específico. Exemplo: é mais produtivo decidir acerca de um aspecto do tema da pesquisa que a proposta de tese como um todo. O seu tempo juntos é limitado, saiba aproveitá-lo e maximizá-lo ao seu favor.
Materializar a proposta
De posse de toda a informação, sugiro a seguinte ordem para escrever a proposta:
- Defina a estrutura do documento, com o nome de cada capítulo e o que cada parágrafo deve conter. Um exemplo segue abaixo, para que possa se basear. O tamanho de cada trecho sugerido é para gerar a primeira versão, depois pode enriquecer mais. Num primeiro momento busque ir do início ao fim.
1. Introdução
Contextualização (1 parágrafo)
1.1 Motivação e Justificativa
(2 parágrafos)
1.2 Breve análise do estado da arte
Apenas com poucas referências mais importantes (1 parágrafo) e breve análise crítica (1 parágrafo)
1.3 Objetivos
Objetivo geral (1 frase) e específicos do trabalho (no mínimo 3, relacionados a cada contribuição que pretende realizar, no formato de tópicos - bullet points)
2. Revisão do estado da arte
Descrever a organização do capítulo (1 parágrafo)
Escrever neste capítulo o quanto necessário, seguindo as diretrizes informadas anteriormente.
2.1 Análise crítica
Descrever aqui as lacunas que encontrou e irá retomar no próximo capítulo, em cada contribuição.
3. Métodos
Descrever a organização do capítulo (1 parágrafo)
3.1 Método 1
3.2 Método 2 … etc
(Dividir a descrição dos métodos em quantas seções forem necessárias)
4. Contribuições propostas
Descrever a organização do capítulo (1 parágrafo)
Opcional: incluir o cronograma geral de todas as contribuições até o final do doutorado
3.1 Contribuição 1: título
Retomar brevemente a análise crítica da literatura pertinente a esta contribuição
Expôr a contribuição: objetivo
Mencione o periódico que escolheu e demonstre que é uma contribuição pertinente
Plano de atividades com cronograma e descrição detalhada
Elaborar um graphical abstract: https://www.elsevier.com/authors/journal-authors/graphical-abstract (vai ajudar a resumir a contribuição e será útil na apresentação oral)
3.2 Contribuição 2: título
idem
3.3 Contribuição 3: título
idem
5. Resultados preliminares
6. Publicações
Referências
Apêndice
Ordem sugerida para redigir cada capítulo
Sugiro escrever nesta ordem: 2., 4. 1. (neste ponto já está quase tudo pronto), 5., 6., 3. Melhore 2, 4 e 1, nesta ordem, se houver tempo.
Dequique-se ao capítulo que descreva os métodos apenas depois de finalizar a parte criativa na definição das contribuições originais propostas (análise da literatura e plano). A razão de criar o capítulo de métodos apenas no final é muito simples. É muito comum que perca-se mais tempo que o necessário descrevendo os métodos, que não são a parte mais importante da proposta. Enfatizo, o que importa é a análise da literatura e o plano para preencher uma lacuna. Por isso, faça sempre a descrição dos métodos por último, pois é fácil estimar o tempo que precisa para criar um capítulo sobre algo que já é conhecido. O mesmo não se aplica a capítulos que dependem da sua criatividade, cujo resultado é o que mais importa nessa etapa, reforço novamente. Com frequência a seção de métodos é conferida em maior detalhe pela banca apenas no caso de haver dúvidas em algum trecho do plano de atividades.
Como encontrar um bom periódico
Bons periódicos, no geral, possuem alto fator de impacto, que é proporcional às citações que os mesmos recebem. O CiteScore (da base Scopus) pode ser adotado como um indicador - quanto maior o percentil, melhor. Através do proxy da biblioteca é possível ter acesso a essa base mesmo trabalhando remotamente. Sugiro adotar o Scopus para realizar a busca de artigos.
Atualmente o Qualis da CAPES foi alterado e não sabemos ainda qual será a avaliação final de cada periódico. O que me parece certo é que o fator de impacto e o percentil do CiteScore serão importantes independente da área de avaliação, sendo hoje (outubro de 2020) os melhores indicativos para balizar a avaliação da qualidade de periódicos. Dê preferência àqueles que, na sua área de concentração, possuam percentil maior que 75 ou, ainda melhor, 87,5.
Leitura adicional
Eu não poderia enfatizar mais a importância de estender a leitura no importante tópico de metodologia científica, que inclui o seu planejamento - tema deste texto. Abaixo seguem algumas:
(apesar de voltado à ciência da computação, quase completamente pertinente à prática na engenharia)
https://www.amazon.com.br/Guia-Pr%C3%A1tico-para-Reda%C3%A7%C3%A3o-Cient%C3%ADfica/dp/8564201070/
(este um pouco com viés de ciências biológicas, nem tudo se aplica à prática na engenharia, porém com conteúdo excelente, bem escrito, bastante direto e claro sobre o fazer/não fazer)
https://www.amazon.com.br/dp/B00PEPR5LS/ref=dp-kindle-redirect?_encoding=UTF8&btkr=1
(versa sobre a carreira acadêmica, no cap. 51 e 52 fala sobre como escrever propostas de projeto - exatamente o tema deste texto - atente para o “hero narrative” e a pertinência na definição das contribuições. Dica do Prof. Renan Moioli - UFRN)
https://ieeexplore.ieee.org/document/762947
https://ieeexplore.ieee.org/document/745776
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3009394/
https://robjhyndman.com/seminars/writing/
https://academic.csuohio.edu/simond/courses/elos3.pdf
(para sobre normas cultas da escrita em inglês, para consulta apenas)
http://www.cs.cmu.edu/afs/cs.cmu.edu/user/mleone/web/how-to.html
(várias dicas legais)
https://homepages.dcc.ufmg.br/~mirella/pdf/ComoEscreverMonografias.pdf e https://homepages.dcc.ufmg.br/~mirella/pdf/monografia.pdf
(dicas da Profa. Mirella Moro - UFMG sobre a escrita da monografia, também relevante para a escrita da proposta)
https://medium.com/@marcotcr/coming-up-with-research-ideas-3032682e5852 https://medium.com/@marcotcr/organizing-and-evaluating-research-ideas-e137637b599e
(dicas para conceber e realizar novas ideias na pesquisa, por Marco Tulio Ribeiro - Microsoft Research)
https://github.com/rougier/ten-rules
(Ten rules for better figures - leia o referido artigo)
https://github.com/garrettj403/SciencePlots
(pacote para formatar figuras de acordo com o periodico)